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Mostrando postagens de abril, 2013

USANDO A PALAVRA CERTA PRA DOUTOR NÃO RECLAMAR

Mundurukando três Na reflexão anterior falei sobre os equívocos que cercam a palavra índio. Fiz uma provocação e tenho certeza que muitas pessoas, especialmente professores, ficaram com a “pulga atrás da orelha”. Se assim aconteceu, alcancei meu objetivo. A inquietação é já um principio de mudança. Ficar incomodado com os saberes engessados em nossa mente ao longo dos séculos é uma atitude sábia de quem se percebe parte do todo. É sabido que esta palavra tem, às vezes, um quê de inocência em quem a usa. Tem quem a utiliza conscientemente também. Sabe que se trata de uma atitude política e fica mais fácil para os interlocutores entenderem do que estão falando. Aliás, esta palavra foi devidamente utilizada pelo movimento indígena no início dos anos 1970. Foi uma forma de mostrar consciência étnica. Antes disso não havia uma consciência pan-indígena por parte dos povos nativos. Eram grupos isolados em suas demandas políticas e sociais. Cada grupo lutava por suas próprias necessidade...

Equívocos nossos de cada dia

Mundurukando dois Um dos equívocos mais comuns quando o tema é povos indígenas, é considerar toda a diversidade cultural que ainda hoje existe como sinônimo de semelhança. Não é difícil encontrar alguém que ao se deparar com um descendente dos primeiros povos, o identifique como índio. Para o que foi aprendido nos bancos escolares isso parece certo, pois lá nos foi dito que ao chegar ao Brasil Pedro Álvares Cabral pensou ter chegado às Índias, no oriente. Na cabeça de quem escreveu a história deste primeiro contato pareceu que seria muito conveniente chamar aqueles nativos – significado da palavra indígena – pela alcunha índios. Assim passou para a posteridade. Teria sido assim realmente? Cabral chegou a uma pacata aldeia de pessoas simples que entenderam ser ele e seus navegadores gente superior? Eram, aquelas gentes todas, iguais? Entendiam-se mutuamente? Eram todos amigos e conviviam harmonicamente? As respostas não podem ser simplificadas. Para cada uma das perguntas outras ta...

Vamos brincar de índio?

Mundurukando Um O mês de abril traz em seu bojo o fato de lembrar do “índio”, o folclórico e legendário primeiro habitante do Brasil. Em muitas escolas os professores irão dedicar boas horas letivas para inculcar nas crianças ideias preconcebidas a respeito do nativo brasileiro. Talvez se encontre entre eles quem ainda acredite ser o silvícola um ser fora de moda e longe dos padrões econômicos em que vive. Este irá reproduzir antigas falas sobre o atraso tecnológico, a preguiça, o canibalismo e a selvageria. Haverá quem tenha ultrapassado essa visão tacanha e se preocupe em mostrar a outra face da moeda quem sabe até dando voz e vez aos primeiros habitantes. Haverá de tudo, certamente. Nos meus 25 anos de atuação dentro das escolas brasileiras eu já vi de tudo. Vi crianças com medo “porque o índio canibal ia chegar”; vi professoras perguntando “se índio come gente”; vi adolescentes – com verdadeiro interesse – querendo saber sobre sexo na aldeia; presenciei pais e mães almejando cam...

VI Encontro Indígena em Mato Grosso

Encontro comemora o Dia do Índio Da Redação O VI Encontro Indígena vai comemorar o dia do índio (19 de abril) com uma semana de atividades no Museu de Pré-história Casa Dom Aquino. A programação começa na segunda- feira (15), com apresentação das etnias com danças e cantos e com a palestra “O que é ser índio”, proferida por DANIEL MUNDURUKU, doutor em Educação pela Universidade de São Paulo, o encontro prossegue com outras atividades até a sexta-feira. O evento visa reflexões do tema pelas várias etnias e além da palestra e mesas redondas ainda terá apresentações artísticas, culinária típica, oficina de pintura corporal, dança, artesanato, jogos e brincadeiras indígenas. O VI Encontro busca levar a sociedade a pensar os novos espaços e os novos viveres de maneira mais intensa, socializando todas as perspectivas de visão de futuro, conforme definiram os organizadores. A Secretaria de Estado de Cultura participa do evento com a proposta de promover a inserção do índio no tempo em...

TIRANDO DE LETRA COM DANIEL MUNDURUKU E OUTRAS GENTES

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  TIRANDO DE LETRA COM DANIEL MUNDURUKU E OUTRAS GENTES SESC Ribeirão Preto   Dia(s) 13/04 Sábado, às 10h30. SOBRE PIOLHOS E OUTROS AFAGOS: BATE-PAPO COM EDUCADORES SOBRE O ATO DE EDUCAR(SE). Com Daniel Munduruku, escritor indígena com mais de 40 livros publicados. É graduado em Filosofia, tem licenciatura em História e Psicologia e é Doutor em Educação pela USP. Pretende retratar a temática a partir da prática educativa que é levada a efeito nas aldeias e comunidades indígenas e que tem como princípio a acolhida, o respeito, o aprendizado do silêncio e o pertencimento. Numa conversa interativa, o professor e escritor Daniel Munduruku irá apresentar vários aspectos das culturas indígenas oferecendo pistas para o trabalho pedagógico em sala de aula. Público: Professores de Educação Infantil e do Ensino Fundamental. No Auditório. 200 vagas. Informações e inscrições a partir de 2 de abril pelo email tirandodeletra@ribeirao.sescsp.org.br ou na Central de Atendimento. Partic...

Somos índios - a saga de um povo desconhecido

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'Somos índios - a saga de um povo desconhecido' é o tema de capa da Revista de História do mês de abril. Confira o que preparamos para você: http://www.revistadehistoria.com.br/revista/edicao/91

Revista de História da Biblioteca Nacional

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Link da entrevista que dei para a Revista de História da Biblioteca Nacional e que saiu apenas na versão virtual:: "Dignidade individual -- Em entrevista, o escritor Daniel Munduruku mostra os problemas de tentar unir todas as comunidades tradicionais em um mesmo estereótipo de índio. Acesse: http://www.revistadehistoria.com.br/secao/entrevista/dignidade-individual