Mais um novo ano bate à nossa porta. Mais um novo ano a nos lembrar que o tempo não para, que o tempo não espera, que o tempo urge, que o tempo é um sopro às vezes leve, às vezes tormentoso, outras vezes alegre, outras nem tanto.
Mais um ano para não nos deixar esquecer o prometido e não cumprido; o assumido depois esquecido; o vivido e o traído.
Um ano que passa é fósforo queimado, mas não completamente consumido porque ele viverá dentro de nós, num cantinho recôndito a que chamamos memória, a que chamamos passado, a que chamamos saudade. Um ano vivido não é ausência, é acúmulo; não é benção, é perdão; não é alívio, é cura.
O dono do tempo – para os ocidentais – nasceu antes da virada do tempo. Nasceu criança, como nascem todos os mortais. Nasceu menino, para confrontar um tempo de homens. Nasceu finito para lembrar a infinitude do próprio tempo, senhor de todos nós. Nasceu gente humana para lembrar a todos que a gente-natureza é completa, é plena, é teia. Fez-se humano para fazer o humano acreditar em si mesmo e na plenitude que o habita.
Ele, o senhor do tempo, está nascendo de novo para lembrar ao povo a importância de se viver o hoje, o agora, o presente, o tempo único que temos e que nos torna plenos em nossa incompletude. Ele nos lembra: a cada dia basta sua preocupação.
Que seu natal seja sempre hoje e que o ano que se inicia seja sempre natal.
Boas festas e felicidade sempre!