quinta-feira, 30 de junho de 2011

8º Encontro Nacional de Escritores e Artistas Indígenas - "Literatura é Resistência"


Autores Indígenas
 Chegamos a mais uma edição do Encontro de Escritores e Artistas Indígenas.
Já é o oitavo encontro. Muitas "águas rolaram por debaixo da ponte" como diz o ditado popular.


 Muito se avançou nas discussões e debates sobre este fenômeno literário que agora já faz parte da realidade brasileira.
Pela oitava vez nos encontramos no Rio de Janeiro para expressar nossos pensamentos sobre saberes ancestrais que temos manifestado através da arte escrita e das ilustrações.
 Descobrimos o valor do livro como instrumento de luta, de conscientização da sociedade brasileira, de educação e, até, como um bem cultural capaz de auxiliar na manutenção financeira das pessoas que a ela se
dedicam.

 Portanto, o instrumento livro acabou por ser um ponto de partida importante para alimentar o espírito da sociedade limpando preconceitos, esteriótipos, equívocos que vinham sendo reproduzidos ao longo de sua história. No lugar desse lado negativo estamos oferecendo - através de nossa literatura - imaginação, respeito, conhecimentos verdadeiros, convivência saudável, autoestima, entre outras possibilidades.


Ritual de Abertura - Centro de Convenções SulAmérica-RJ

 Se fizermos uma avaliação madura e isenta destes oito anos passados, iremos perceber que houve grande avanço na compreensão de nossa gente, mas também notaremos que ainda falta muito a ser feito, muitos precisa ser produzido que é urgente preparar jovens indígenas para assumirem o protagonismo na produção literária.

Manoel Moura Tukano
 Temos que pensar em profissionalizar rapazes e moças para ocupar um lugar definitivo no universo da produção literária e não pensamo apenas em torná-los escritores, mas técnicos em design, gráficos, diagramadores, revisores, capistas, ilustradores, enfim, profissionais competentes que possam lidar com todo o processo de preparação de livros. É um sonho possível, realizável. Já temos experiência e um olhar treinado para fazer isso acontecer.

 Nestes oito anos pudemos conhecer, conviver, aprender a utilizar a técnica do livro. Pudemos ouvir editores, escritores, ilustradores, profissionais de direitos autorais, convidados internacionais, exposições diversas que nos deram suporte para sonhar-mos um caminho novo a partir da magia do livo e da literatura. O caminho está feito.    Antes era apenas uma picada na mata da literatura, hoje é um caminho seguro que podemos trafegar por ele.


Literatura é Resistência  

Joaquim Crixi Munduruku
 Por tudo isso consideramos, parentes, literatura como instrumento de resistência. Foi pensando isso que elegemos este mote como tema deste oitavo encontro.
Queremos mostrar como podemos usá-la de forma madura para fazer valer nossos sonhos, nossa sobrevivência física, nossos rituais [que também são literários], nossos cantos e danças. Com ela queremos lembrar a injustiça que foi cometida contra nossa gente e dizer que somos contra todo tipo de violência contra nossos povos e também contra a natureza, nossa parente.

Graça Graúna e Ademário Payayá
 Somos contra a construção de Belo Monte por considerá-la um afronta ao meio ambiente vivo e aos brasileiros em geral.
Somos contra por ser um projeto político que beneficiará um pequeno grupo de construtoras. Somos contra os Meios de Comunicação Social que preferem reforçar esteriótipos ao invés de educar o olhar dos cidadãos, somos contra as campanhas violentas que assassinaram líderes indígenas em todos os cantos do Brasil.
Ao mesmo tempo somos solidários com os parentes indígenas que estão sofrendo este tipo de coação, coerção,  perseguição e dor por conta de todos estes descalabros políticos.

Manoel Tukano, Marcos Terena, Ailton  Krenak e Daniel Munduruku

 Nos solidarizamos com os familiares dos jovens Terenas que foram assassinados no Mato Grosso do Sul; com o líder Kayapó Raoni Mektutire - que sabe- como ninguém os malefícios de grandes projetos hidrelétricos em terra indígena; com os parente Xavantes que lutam por reaver suas terras tradicionais; com os parentes do Nordeste brasileiro que sofrem perseguições - físicas e ideológicas - há centenas de anos.
Cacique Raoni (foto divulgação)
Enfim, queremos lembrar que nossa luta é militante porque é feita por pessoas comprometidas com o bem estar de seus povos, com os saberes da tradição a que pertencem e com a continuidade destas tradições.
Este é o sentido, parentes, deste nosso encontro.
É o sentido de estarmos buscando novos horizontes para dar continuidade à trajetória que nossos ancestrais iniciaram na origem dos Tempos.

Daniel Munduruku
Diretor-Presidente do Instituto UK`A - Casa dos Saberes Ancestrais.
www.institutouka.blogspot.com


Artigo publicado na Revista Mekukradjá - 2011
Fotos: Luana Fortes


Educadora do interior de São Paulo ganha 8º Concurso Curumim

Em cerimônia realizada no dia 06 de junho, durante a abertura do 13º Salão FNLIJ do Livro Infantil e Juvenil, no Rio de Janeiro, a professora Tani Mara de Aquino foi agraciada como vencedora da 8º edição do Concurso Curumim de leitura de obras de autores indígenas.

O concurso Curumim consiste em premiar projetos educativos que privilegiam a leitura de obras de autores indígenas e que ajudam alunos a conhecerem com mais profundidade a cultura dos povos indígenas brasileiros.
É organizado anualmente pela Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil -  FNLIJ - e é aberto para educadores de todo o país.

Tania Mara, que é professora na Escola Estadual Professor Joaquim Ferreira Pedro, no bairro Santo Antônio, na cidade de Lorena, desenvolveu um projeto denominado: Kabá Darebu: Identidade.


Durante o desenvolvimento do projeto a professora fez as crianças pensarem sobre suas origens a partir da obra literária Kabá Darebu, de Daniel Munduruku.

O autor esteve na escola na finalização do projeto para uma gostosa conversa com os estudantes a fim de mostrar os benefícios da leitura literária no desenvolvimento de uma consciência cidadã.
No momento da premiação, a professora evidenciou o apoio de seus pares mesmo reconhecendo as dificuldades em desenvolver este tipo de projeto por conta da desatualização das bibliotecas escolares, especialmente na ausência de obras de autores indígenas.
A ganhadora do prêmio irá receber um kit de livros para crianças e jovens e a publicação de seu projeto no site e no informativo da FNLIJ.

O Concurso Curumim é voltado para professores brasileiros que desenvolvam algum projeto com a leitura de obras de autores indígenas.
Anualmente o concurso é divulgado no site da FNLIJ e traz uma lista sugestiva e atualizada de obras de autores indígenas que podem servir de base para o desenvolvimento do projeto.






Escritor Maraguá vence 8º Concurso Tamoios - NEARIN / FNLIJ - 2011

Fotos: Luana Fortes
Roni Wasiry Guará 
A oitava edição do Concurso Tamoios (voltado apenas para indígenas) foi vencida pelo escritor Maraguá, Roni Wasiry Guará, do Amazonas. Seu texto Olho d`Água - O caminho dos Sonhos foi escolhido pelo júri formado por especialistas indicados pela Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil - FNLIJ - dentre dezenas de outros que concorriam ao prêmio.

A entrega da Premiação aconteceu no dia 06 de Junho durante a abertura do 13º Salão FNLIJ do Livro para Crianças e Jovens que este ano acontece no Centro de Convenções SulAmérica-RJ.
Na cerimônia Rony lembrou a importância de concurso como este para incentivar os indígenas a colocarem no papel suas histórias e experiências. Segundo ele "é de suma importância que nós os indígenas sejamos motivados a escrever nossas histórias.

O Brasil não conhece nossos povos e isso precisa ser feito para que a gente possa diminuir o preconceito que ainda existe. Ganhar  este concurso foi muito bom, especialmente porque a história que contei é uma homenagem aos meus avós".

Roni já é autor do livro O caso da cobra que foi pega pelos pés, publicado pela Editora Imperial Novo Milênio [...].

O Concurso Tamoios é voltado exclusivamente para indígenas que podem concorrer com qualquer texto - seja individual ou coletivo - e em qualquer gênero literário. A premiação consiste em receber um kit de livros para crianças e jovens e ter seu texto publicado pela Editora Autêntica.

                                                       
Entrega dos Prêmios de incentivo à leitura FNLIJ - 2011 .
Roni Wasiry, Beth Serra (Sec. Geral FNLIJ) e Ana Maria Machado.
Roni Wasiry, Daniel Munduruku, Cristino Wapichana, Naine Terena e Ziraldo.
Roni Wasiry e Jaguar 
Fotos: Luana Fortes

LANÇAMENTO DE "COISAS DE ONÇA" - Novo Livro de Daniel Munduruku / Ed. Mercuryo jJovem

Fotos: Luana Fortes
 










"Coisas de onça" - Editora Mercuryo Jovem, de Daniel Munduruku na Biblioteca FNLIJ/Petrobras para crianças e jovens.
16 de Junho de 2011
13º Salão FNLIJ do Livro Infantil e Juvenil.


MONDAGARÁ: O ENCANTO LITERÁRIO DA FLORESTA

Por Luana Costa

            Hoje, a história de Mondagará Traição dos Encantados foi contada pelo escritor e contador de histórias Roni Wasiry Guará no Espaço Leitura da FNLIJ – Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil, que acontece no Rio de Janeiro no Centro de Convenções SulAmérica até o dia 17. A história, que maravilhou dezenas de crianças vindas de escolas de Niterói, Rio e diversos municípios do Estado, é a de Mondagará, seu belíssimo livro, obra literária apoiada pelo NEARIN (Núcleo de Escritores e Artistas Indígenas do Inbrapi). Nascido em Boa Vista dos Ramos - Amazonas, e pertencente ao povo  indígena Maraguá, Wasiry vê na Literatura um instrumento eficaz e importante na transmissão dos conhecimentos de sua comunidade, além de uma via potente para transformar alguns estereótipos criados com relação ao indígena. “Não somos homogêneos, somos distintos uns dos outros; cada um tem sua língua, seus mitos, grafismos e significados, lendas e histórias distintas, cada uma com sua beleza peculiar, mágica”, afirma o autor. Mondagará Traição dos Encantados é prova disso. Em forma de remo, o Mondagará é um artefato sagrado cujos grafismos contam e guardam as histórias sagradas de seu povo. Ler os grafismos do Mondagará é mergulhar em uma vasta sabedoria ancestral, profunda e infinda, já que o remo é um instrumento utilizado não apenas para se locomover no rio, mas para “ir além”. Com seu livro, de fato vamos fundo nas histórias do povo Maraguá e tocamos em terrenos imaginários misteriosos e desconhecidos. Com delicadeza e cuidado, Waisiry tece uma rede de palavras capazes de enredar e embalar todos os jovens nessa instigante aventura, passada na nossa floresta brasileira. Impossível não se encantar. Deixamos então o convite: Que tal pegarmos nosso Maraguá e partirmos nesta expedição literária rumo às matas do Amazonas?

Roni Wasiry Guará autografando no stand da Ed. Formato
13º Salão FNLIJ do Livro para Crianças e Jovens


* o Livro pode ser encontrado através da Livraria Saraiva.

quarta-feira, 1 de junho de 2011

Movimento Por Um Brasil Literário

13º Salão FNLIJ do Livro para Crianças e Jovens abre espaço 
para o Movimento por um Brasil literário

 Este ano, o Salão FNLIJ do Livro pra Crianças e Jovens homenageia a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa, formada por Angola, Brasil, Costa Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor Leste. O objetivo é valorizar o idioma e a herança cultural que unem esses países, reforçando que o livro é um importante meio de difusão da linguagem e história de um povo. Especialistas em língua portuguesa, escritores e ilustradores participam do evento e dividem suas experiências com o público.
Entre as atividades do Salão este ano, o Seminário FNLIJ de Literatura Infantil e Juvenil discute, de 13 a 16 de junho: "Panorama da Literatura da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa: a variedade da Língua Portuguesa nos livros para crianças e jovens"; "Biblioteca da Escola: agora é lei" e "Escolas de leitores - Compartilhando aprendizagem"; No último dia, sedia o VIII Encontro de Escritores e Artistas Indígenas: Literatura é Resistência". Estarão presentes no Seminário pesquisadores de diversos países, incluindo representantes de alguns países da CLPL (Comunidade dos Países de Língua Portuguesa), e escritores indígenas de diferentes etnias.
Em sua segunda participação no Salão, o Movimento por um Brasil literário terá um estande próprio. Nesse espaço, será possível conhecer e aderir ao Movimento, além de assistir ao documentário "A Palavra Conta". Dirigido por Duto Sperry e Leonardo Gambera, o filme mostra a influência da literatura na vida das pessoas por meio de depoimentos captados em diferentes regiões do Brasil. Além do documentário, o Movimento apresentará no Salão sua campanha pelo direito à literatura. Produzida durante o ano passado pela Java 2G, a campanha apresenta vinhetas com depoimentos, mostrando um país que lê, se transforma e se emociona com a literatura, mas que também precisa percorrer um longo caminho para garantir o direito de acesso aos textos literários.
Para as crianças e jovens visitantes, o Salão terá uma biblioteca especial com lançamentos de livros, leituras e encontros com autores. As crianças poderão conhecer as histórias de Fabricio Carpinejar, Maria Clara Machado, Eva Furnari, entre outros autores. Para os jovens, as atividades incluem leituras de livros de Clarice Lispector, Pedro Karp, Angela Lago e Nilma Lacerda.
O espaço dedicado ao educador homenageará os 90 anos de Maria Clara Machado, com o lançamento de "Teatro infantil completo de Maria Clara Machado". Outro importante momento será o lançamento de "Vermelho amargo", do poeta mineiro Bartolomeu Campos de Queirós, um dos idealizadores do Movimento por um Brasil literário, no dia 14, às 15h.
Os ilustradores também terão destaque no evento, com performances diárias ao vivo, no Espaço Petrobras do Ilustrador. Estarão presentes o escritor e ilustrador Roger Mello, vencedor do Prêmio FNLIJ 2001 na categoria Melhor Ilustração (Hors-Concours) pelo livro "Meninos do Mangue", Anielizabeth, ilustradora dos livros "O pato que chocou" e "Um bifinho ou um salaminho?",  e Guto Lins, autor dos livros "Mãe" e "Avô".


O Salão FNLIJ do Livro para Crianças e Jovens acontece em novo local, ocupando o Centro de Convenções SulAmérica.
Serviço
Salão FNLIJ do Livro para Crianças e Jovens
De 7 a 17 de junho
Centro de Convenções SulAmérica - Av. Paulo de Frontin com Av. Pres. Vargas – Centro – RJ
site para outras informações: http://www.fnlij.org.br
Agendamento de visitas para escolas: visitacaoescolar@fnlij.org.br