quarta-feira, 9 de setembro de 2015

III JORNADA LITERÁRIA DO VALE HISTÓRICO

VEM AÍ A III JORNADA LITERÁRIA DO VALE HISTÓRICO
23 A 26 DE SETEMBRO DE 2015
LORENA, GUARATINGUETÁ, APARECIDA E PIQUETE recebem autores de literatura infantil e juvenil para bate papos e autógrafos.
Em breve programação completa.


terça-feira, 8 de setembro de 2015

III Jornada Literária do Vale Histórico

A III Jornada Literária do Vale Histórico já se aproxima trazendo consigo presenças de importantes escritores para nossa região: Rogério Andrade Barbosa, Marco Haurélio, Heloisa Prieto, Ninfa ParreirasRoní Wasiry GuaráTiago HakiyCristino Wapichana,Mauricio NegroValdeck De Garanhuns e Volnei Canonica.
A programação completa estará disponível em alguns dias. Lembrem que a Jornada Literária é uma proposta do Instituto Uka - Casa dos Saberes Ancestrais com o principal objetivo de colocar escritores em contato com os leitores em seu principal local de aprendizado: a escola.

segunda-feira, 31 de agosto de 2015

FILHOS DA MESMA FLORESTA

Daniel Munduruku

Sou paraense com muito orgulho. Nascido no norte do Brasil trago em mim as marcas da Amazônia, seus cantos, seus ritmos, sua ginga, sua magia e seus dramas. Está tudo em mim e ainda que eu quisesse retirar não conseguiria. O Pará está em mim ainda que hoje não more nele. Ele reverbera em mim no meu jeito de falar, de gesticular; pela farinha de mandioca, pela tapioca, pelo tucupi, pelo tacacá; pelo prato misturado; pelo gingado corporal que me ajuda a dançar o carimbó do mestre Pinduca, o siriá do mestre Verequete; pelas cerâmicas que enfeitam minhas paredes ou pelos cocares de seus povos ancestrais que teimam em me lembrar quem sou eu.
Sou paraense porque trago em mim as marcas dos nossos rios, o gosto de nossos peixes, o canto de nossos pássaros, as danças dos antepassados, o caranguejo extraído dos manguezais, o remanso de nossas canoas, barcos, catamarãs e balsas; a crença no saci, na Yara, na mula-sem-cabeça, no fogo fátuo, no curupira, na matintaperera, no vira-porco, no lobisomem, na caipora, nos duendes, gnomos, fadas e espíritos encantados.
Sou paraense porque sou filho da terra. Sou filho dos filhos da terra. Filhos resistentes, teimosos, manhosos, valentes. Filhos capazes de morrer para não entregar suas riquezas ancestrais nas mãos dos gananciosos do sistema econômico que macula a generosidade da mãe terra com um desejo insano de destruição em nome do progresso, do desenvolvimento e do dinheiro.
Tenho muito orgulho da gente do Pará. Sempre tive. E não somente de meus irmãos ancestrais. Tenho orgulho daqueles que foram para lá e passaram a amar aquela terra como sua própria casa; que desenvolveram um orgulho digno e se dedicaram ao seu crescimento transformando a aridez de suas matas em locais habitáveis e sem desejarem o extermínio dos locais. Gosto dessa gente que sabe gostar de gente sem olhar a patente, sem olhar a aparência, sem se preocupar se uns furam os lábios, as orelhas ou preferem usar cocares ao invés de bonés; baterem chocalhos ao invés de merengue; a cultivarem mandioca ao invés de criarem gado. Sei que existe gente assim e alguns são muito bons paraenses, emprestados que foram de outros lugares.
Digo isso hoje por morar em outro Estado. Foi um autoexílio por forças das circunstâncias. Essas forças me jogaram em outro lugar como a me orientar para oferecer meu melhor em outro canto que não o meu. Não posso julgar essas forças, mas posso conjugar minhas forças com as delas para compor um novo panorama favorável para todos os seres humanos.
Há muitos que se mudam sem razões; outros mudam para sobreviver; há os que o fazem para resistir. Sei de muitos parentes da floresta que mudaram de lugar para sempre, infelizes que foram onde nasceram. Alguns esqueceram suas origens para não ter que explicá-la. Tem os que o fazem por vergonha ou por medo, fugidos que são da violência de quem é intolerante com a diferença. Tem os que abriram mão por pura gratuidade simplesmente porque não vêm dignidade em viver em um lugar que nos os suporta.
Eu sou paraense. Digo e confirmo. De pai, mãe, tios, irmãos, avós, amigos, companheiros. Nunca traí meu lugar, nunca reneguei minha origem por mais motivos que tivesse. Algumas vezes os parentes da floresta tentam me renegar. Dizem que não sou um deles porque não falo sua língua, porque não moro com eles, porque tenho conforto. Alguns me ameaçam. Alguns tentam me extorquir. Alguns tentam me amedrontar. Disso tudo apenas lamento. Lamento que não consigam compreender a dimensão da vida humana; lamento que não consigam enxergar além de seus próprios umbigos; lamento que tenham perdido a conexão com o universo criador; lamento que não entendam as razões além da razão. Lamento, sobretudo, que não sejam capazes de compreender que somos filhos da mesma seiva, do mesmo seio, da mesma mãe. Somos filhos da mesma floresta embora tenhamos histórias diferentes. Somos parte do mesmo rio embora navegando por braços separados. Somos galhos da mesma árvore embora apontando em outras direções. Quando não conseguimos compreender essas variações passamos a olhar o mundo com os olhos de quem nos maltrata, de quem nos faz sofrer, de quem mira o lucro como fim último. Quando assim agimos estamos abandonando o nosso lugar ainda que estejamos nele. Estamos nos exilando na nossa própria aldeia talvez para não enxergamos o que de novo o mundo nos proporciona.

Sou filho da floresta. Ela é o único povo que reconheço. Sei que ela jamais renega um filho. Ela não muda nunca e sabe acolher os seus legítimos filhos e todos aqueles que se tornam legítimos ainda que não tenham nascido de seu seio materno. É assim que me sinto. É assim que vivo. É isso que mostro aos que ouvem as palavras desse filho legitimo do meu Pará.

Post original: http://danielmunduruku.blogspot.com.br/

sexta-feira, 10 de julho de 2015

MEU VO(O) APOLINÁRIO - Teaser Pré-estreia


Gravado na pré-estreia do espetáculo “Meu Vo(o) Apolinário” no teatro da Teresa D´Ávila da cidade de Lorena (SP), para o público do ECOHVALE 2015.

O ESPETÁCULO 
Com texto original do escritor Daniel Munduruku (Menção Honrosa Pela Não-Violência e Tolerância – outorgado pela UNESCO) e direção de José Sebastião Maria de Souza, “Meu Vo(o) Apolinário” é acima de tudo uma história de sabedoria, ensinamento e auto-conhecimento. Estrelado por Wesley Leal e J. Lopes Índio, o enredo é universal e para todas as idades. Ultrapassa barreiras como as aves.

No palco, Leal representa o índio-narrador da história – primeiro filho do de uma grande família Munduruku que nasce na cidade (Belém do Pará). Ele apresenta ao espectador sua vida na escola – onde sofre com as piadas em relação à sua origem indígena – e na aldeia Munduruku – refúgio das férias escolares.

Após sofrer uma “desilusão amorosa”, ao ser rejeitado por uma menina do colégio, o garoto vai para a aldeia triste com o acontecimento, exacerbando sua baixa auto-estima por ter que lidar diariamente com as provocações de seus colegas.

Eis que surge na trama o vô Apolinário (J. Lopes Índio), que traz para ele o saber de um ancião respeitado por todos à sua volta. Apolinário ensina o garoto a ter orgulho de suas raízes, de sua ancestralidade e a respeitar a natureza.

“”Meu Voo Apolinário” é uma viagem iniciativa que o índio-menino realiza na busca de uma identidade desencontrada no mundo urbano que dissolve agressivamente formas de pertencimento e de felicidade ligadas a uma `filiação´, à ancestralidade. Origem em sentido próprio, ela contém todas as idades das personagens que, em uma consanguinidade espiritual com o cosmos, se confundem em laços da natureza que resiste ao poder destruidor do tempo”. Olgária Matos

Autor
Daniel Munduruku

Direção
José Sebastião Maria de Souza

Elenco
Wesley Leal
J. Lopes Índio

Coordenação Artística e Técnica
Pedro Paulo Zupo

Produção Executiva
JSMS e PPZ

Trilha Sonora
Canções tradicionais Munduruku
Gravadas por Daniel Munduruku

Vídeo Cenário
VJ Scan

Preparação Corporal
Isabel da Silva Telles

Figurino
José Sebastião Maria de Souza

Desenho Corporal
Mario Lúcio

Desenho de Luz
Hugo Peake

Projeto Gráfico
Maurício Tramonti

Ilustração (Óleo sobre Tela)
Therezinha de Sousa (They)

Assessoria Contábil
Marcos Fernandes

Assistente de Produção
Maria Luiza Tramonti

Contra Regra
Silvia Lopes

Assessoria de Imprensa
Arteplural (Fernanda Teixeira)

Cabelereiro
Ray Ferro

Costureira
Isabel Cristina Beralde

Quituteira
Nicotinha (Liquinha)

Homenagem a
Antonio Abujamra
http://meuvooapolinario.com/

sexta-feira, 12 de junho de 2015

12º Encontro de Escritores Indígenas – Entre Caminhos: Literatura Indígena e Letramento

12º Encontro de Escritores Indígenas – Entre Caminhos: Literatura Indígena e Letramento
Realização: Instituto Uka - Casa dos Saberes Ancestrais Apoio: Instituto C&A e FNLIJ.
Seminário FNLIJ Bartolomeu Campos de Queirós
Local: 17º Salão Fnlij do Livro para Crianças e Jovens
Espaço: Mezanino - Sala A
Dias: 16 de junho de 2015.
Horário: 9h às 17h30min.
Inscrição pelo e-mail: seminario@fnlij.org.br
Informações:http://www.salaofnlij.org.br/seminario.html?pid=1211&sid=1397%3ASeminario-FNLIJ-Bartolomeu-Campos-de-Queiros-12º-Encontro-de-Escritores-Indigenas-Entre-Caminhos-Literatura-Indigena-e-Letramento


sexta-feira, 22 de maio de 2015

MEU VÔ APOLINÁRIO - Em cartaz no Teatro Jaraguá SP

MEU VÔ APOLINÁRIO - Em cartaz no Teatro Jaraguá SP
Um belíssimo espetáculo baseado na obra de Daniel Munduruku.
Com Wesley Leal e J. Lopes Índio
Direção: José Sebastião Maria de Souza
Ingressos: www.ingressorapido.com.br
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Xipat Oboré!




segunda-feira, 9 de março de 2015

HOSPEDAGEM PARA O ECOHVALE - 1º ENCONTRO DE CONTADORES DE HISTÓRIAS DO VALE DO PARAÍBA

A pedido do público participante criamos uma pequena listagem de hotéis como sugestão para hospedagem na cidade de Lorena durante o ECOHVALE - 2015.
Os interessados podem hospedar-se no centro da cidade por diárias que variam entre R$ 80 e R$200, com café da manhã. Há outras opções, inclusive em cidades vizinhas, mas a listagem é restrita aos hotéis que ficam no centro da cidade de Lorena, Também são os mais próximos dos locais onde ocorrerão as atividades do ECOHVALE. Façam suas reservas antecipadamente e aproveitem os descontos para grupos que alguns deles oferecem e os atrativos turísticos de Lorena e do Vale Histórico.

segunda-feira, 2 de março de 2015

FICHA DE INSCRIÇÃO PARA O ECOHVALE - 1º ENCONTRO DE CONTADORES DEHISTÓRIAS DO VALE DO PARAÍBA

ORIENTAÇÕES PARA EFETIVAR AS INSCRIÇÕES NO ECOHVALE

1] É obrigatório o preenchimento de todos os dados solicitados na ficha;

2] Só será considerado inscrito no ECOHVALE  quando for confirmado o pagamento dentro do prazo estabelecido (comprovante digitalizado de depósito, informação sobre número da operação ou fotografia do comprovante anexado ao email);
3] O pagamento dá direito a participar de todas as atividades abertas e a uma oficina. Caso deseje participar de uma segunda oficina, o inscrito deverá pagar uma taxa extra de R$ 10,00 (inscrições antecipadas);

4] O inscrito só poderá optar por participar de duas atividades dirigidas (maratona de contação de histórias, redemoinho de histórias, contação de histórias na Bibliuka, contação na biblioteca municipal) sendo uma de livre escolha e outra por indicação da organização;

5] As vagas são limitadas e estarão garantidas mediante comprovação de inscrição. Lembramos que as atividades abertas (palestras, shows, mesas redondas) acontecerão em um teatro fechado com capacidade para até 350 pessoas;

6] A inscrição dará direito a retirar um kit ECOHVALE no ato do credenciamento;

7] Outras questões sobre inscrições serão resolvidas caso a caso com a coordenação.

FICHA DE INSCRIÇÃO: clique aqui

Obs: NÃO é possível preencher a ficha em nosso servidor. 
Sugestão: Copie e Cole a ficha no corpo da mensagem do email de confirmação. Ou cole e a preencha em um novo documento de word que deverá ser anexado ao email de confirmação. 

sexta-feira, 27 de fevereiro de 2015

Nova obra de Daniel Munduruku promove reflexão sobre as ‘coisas que aprendemos’

Por Oráculo Comunicação
das coisas que aprendi capaVocê já parou para pensar nas coisas que você aprendeu durante toda a sua vida e o valor que elas tem no momento atual? É este exercício de reflexão poética que o escritor Daniel Munduruku, um dos autores indígenas mais conhecidos e respeitados do país, realiza sobre sua própria existência na mais nova obra “Das coisas que aprendi”. O livro é composto por textos que trazem um olhar diferenciado sobre a natureza humana e sua relação com o mundo que o cerca e estimula o leitor a realizar sua própria leitura sobre as coisas que aprendeu em sua trajetória.
Para chegar ao resultado final, foram dois anos de muita escrita e observações do próprio autor durante suas participações no universo da literatura, de sua militância social a favor dos povos indígenas e de sua atuação como educador no cenário nacional.
Desse exercício, o resultado é encantador, apresentando aos leitores o olhar híbrido que desenvolveu ao longo dos anos e, ao mesmo tempo, um grito de esperança nos caminhos do mundo.
O livro traz  imagens do fotógrafo mato-grossense Antonio Carlos Ferreira Banavita que aceitou o desafio de escolher fotos que pudessem se adequar aos textos do autor. A Participação de Banavita também revela muito do seu aprendizado, em especial no que diz respeito aos povos indígenas. O livro foi editado pela Uka Editorial em parceria com a empresa Grão de Arroz, de Salvador. O resultado? É conferir este belíssimo e poético livro que é, ao mesmo tempo, um conforto e um presente aos leitores da vasta obra de Daniel Munduruku,  e pensar nas coisas que aprendemos em nossa vida.
Onde adquirir:
Os pedidos podem ser feitos por email: ukacontato@gmail.com ou pelo face:www.facebook.com/institutouka
Postagem original: https://oraculocomunica.wordpress.com/2015/02/27/nova-obra-de-daniel-munduruku-promove-reflexao-sobre-as-coisas-que-aprendemos/

terça-feira, 3 de fevereiro de 2015

ECOHVALE - 1º ENCONTRO DE CONTADORES DE HISTÓRIAS DO VALE DO PARAÍBA - APRESENTAÇÃO -


O vale do Paraíba tem uma importância cultural estratégica seja por unir dois grandes centros como Rio de Janeiro e São Paulo, seja por estar na confluência com a serra da Mantiqueira e o sul de Minas Gerais e a Serra do Mar. Historicamente foi palco de muitas passagens importantes na formação da identidade brasileira e centro de atração das mais diversas culturas que culminou por formar a própria identidade paulista. Também por isso foi berço de uma cultura popular riquíssima que até hoje mexe com o imaginário nacional. Na região nasceram grandes poetas e escritores sendo o mais ilustre deles Monteiro Lobato, o visionário empresário que soube capilarizar as matrizes da formação nacional criando personagens que tipificam esta prolífera região brasileira.

No princípio, no entanto, era o verbo que por aqui corria solto. Aqui estavam as histórias dos povos nativos que primeiro a habitaram; em seguida chegaram as histórias dos negros africanos trazidos escravos; depois o verbo veio montado nos burros que cortavam São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro; mais recentemente o verbo apareceu trazido pelos migrantes europeus que vinham trabalhar nas lavouras de café e, finalmente, a palavra se fez presente pela voz dos retirantes oriundos de distintas regiões do País.
Isso já nos dá motivos de sobra para festejar nossa diversidade regional! Porém, queremos um pouco mais que isso. Queremos reunir estas diferentes palavras – que se manifestam em diferentes formas, ritmos, cantos, danças e histórias – para nos conhecermos melhor e festejar aquilo que nos une na diferença: a oralidade.
É com este mote que estamos propondo a realização do  ECOHVALE – 1º. Encontro de Contadores de Histórias do Vale do Paraíba a ser realizado entre os dias 13 a 16 de maio de 2015, na cidade de Lorena. Durante esses dias teremos uma programação variada que irá contemplar palestras, Rodas de Conversas, oficinas e uma maratona de contação de histórias que será realizada em diferentes espaços da cidade de Lorena ou, dentro das possibilidades, em outras cidades da região do Vale do Paraíba. Para isso convidamos nomes consagrados na arte de contar histórias que virão nos brindar com sua experiência e arte fortalecendo os grupos locais de contadores de histórias.
Para esta primeira edição homenagearemos a Amazônia trazendo de lá contadores de histórias para nos fazerem conhecer a magia dos encantados escondida na grande floresta amazônica e repassada por gerações através da palavra.
Nossa programação irá alcançar todos as faixas etárias e queremos contar com a presença de diferentes grupos de contadores de história da região, de educadores das redes de ensino, de estudantes universitários e, claro, crianças e jovens em nossos saraus e maratona de contação de histórias.
Nossa proposta quer se transformar numa metodologia capaz de ser replicada nos diferentes municípios da região atingindo, assim, o público valeparaibano de maneira dinâmica e estratégica na formação de leitores conscientes de seu papel social. Dessa maneira cumprimos nosso papel de artífices nas construção de uma pátria mais educadora.

De 13 a 16 de Maio - 2015
Lorena/SP
www.institutouka.blogspot.com
ukacontato@gmail.com

PROGRAMAÇÃO DO ECOHVALE - "NOS CAMINHOS DA ORALIDADE"


1º Dia –13/05 - Quarta-feira (FATEA)

8h00 às 09h00 – Credenciamento
09h30min – Acolhimento Poético (Grupo de Contadores da FATEA - Lorena/SP)
Grupos de cultura local
09h45 às 10h15 – Mesa de Acolhida:
Daniel Munduruku - Presidente do Instituto UKA
Autoridades e apoiadores do evento

10h30 às 12h15 - Conversa com Regina Machado

14h00 – Grupo de cultura de Lorena
14h30 às 17h00 – Roda de conversa afro-brasileira
Facilitador:  Sansakroma Sem Fronteira – Cantos e Contos com  Arte Africana
18h às 18h50 – Redemoinho de histórias
Local: Praça da Matriz
19h00 – Audiência pública sobre a construção do plano Municipal do Livro, Leitura e Literatura
Local: Câmara Municipal de Lorena
Organização: Instituto Uka, Polo de Leitura ValeLendo

2º Dia – 14/05 - Quinta-feira (FATEA)

08h30min – Acolhimento poético (Grupo de Contadores Cirandeiros da Palavra/PA)
9h00 - Mesa redonda – Histórias de contadores de histórias
Grupo Malba Tahan de Contadores de histórias da FATEA (SP)
Sônia Santos (PA)
Mediação: Olga Arantes (Fatea)

10h às 10h30 –Debate

10h30 as 10h45 – Intervalo

11h às 12h15min- Mesa redonda – Mitopoética
Saci – Prof.ª Ms. Margareth Marinho (MG)
Boto – Juraci Siqueira (PA)
Makunaima - Cristino Wapichana (RR)
Mediação: Giselle Ribeiro (PA)
30 minutos de Debate
12h45 – Intervalo para almoço

TARDE - 14h às 18h - Oficinas
Oficina 01 – Reencantar o mundo contando histórias - Margareth Marinho (MG)
Oficina 02 – A oralidade: No principio era o verbo - Os fios da memória presentes na voz do Contador de histórias – Andréa Cozzi (PA)
Oficina 03 – Histórias que ecoam no vale do Paraíba – Olga Arantes e grupo Malba Tahan de Contadores de Histórias
Oficina 04 –Ler e contar, contar e ler  - Francisco Gregório (RJ)
Oficina 05 – Contando histórias de índio? - Cristino Wapichana (RR) e Tiago Hakiy (AM)
18h30min às 19h30min – Roda de histórias ou cortejo com música e poesia.

20h30min – Palestra-poética com Socorro Lira

3º Dia – 15/05 – sexta-feira
8h00 – Acolhimento poético
Tiago Hakiy (AM) e Antonio Juraci (PA)
8h30 as 9h30 – Roda de conversa sobre cultura popular
Valdeck de Garanhuns (PE) – Mitos e Lendas Brasileiras
Francisco Gregório (RJ) - Oralidade, afeto, cidadania e Práticas Leitoras: vivências de um contador de histórias.

9h30 as 9h45 – Debate
9h45 às 10h – Intervalo

10h00 às 12h00 – Roda de conversa Indígena
A história de Uma Vez
Daniel Munduruku (SP)
Cristino Wapichana (RJ)
Mediação: Edson Krenak (MG)
12h as 12h15 - Debate


TARDE - 14h às 18h - Oficinas

Oficina 01– Reencantar o mundo contando histórias - Margareth Marinho (MG)

Oficina 02 – A oralidade: No principio era o verbo- Os fios da memória presentes na voz do Contador de histórias – Andréa Cozzi (PA)

Oficina 03 - Histórias que ecoam no vale do Paraíba – Olga Arantes e grupo Malba Tahan de contadores de Histórias/Lorena

Oficina 04 – Ler e contar, contar e ler - Francisco Gregório (RJ)

Oficina 05 – Contando histórias de índio? - Cristino Wapichana e Tiago Hakiy

NOITE
18h30 às 19h30 – Caçada ao Saci
Local – Parque Municipal Águas do Barão.
20h00 – Palestra espetáculo com Bia Bedran

4º dia – 16/05 – Sábado

09h00 às 12h00 – Maratona de contação de histórias
Local: praça Arnolfo Azevedo (evento aberto ao público)

A ideia é que este momento seja vivenciado especialmente pelas crianças e os contadores de histórias presentes se revezem e realizem performances de contação de histórias.

ECOHVALE - 1º ENCONTRO DE CONTADORES DE HISTÓRIAS DO VALE DO PARAÍBA
De 13 a 16 de Maio - 2015
Lorena/SP
www.institutouka.blogspot.com
ukacontato@gmail.com


Literatura Indígena: um cordão de três dobras.

Edson Krenak
edsonkrenak@gmail.com

A sabedoria antiga diz que um cordão de três dobras não se quebra. Temos observado um crescimento contagiante do movimento indígena no Brasil, e isso se deve a uma tríplice dobra desse cordão: a pesquisa, o ensino e o trabalho.

Ainda hoje quando se fala em literatura indígena nas instituições de ensino (Escolas e Universidades) a reação geral de muitos professores é de certo estranhamento e desconforto. Não se tem conhecimento suficiente sobre o assunto, e muito do que se sabe é oriundo de informações equivocadas, incompletas e insuficientes. Mas essa realidade está mudando acentuadamente. Isso é devido a três fenômenos que irei abordar aqui: o surgimento de interessantes pesquisas na área de literatura indígena nas universidades; o ensino de cultura e literatura indígena tanto nas escolas e nas universidades tem se ampliado e saído das cadeiras de antropologia (que tem seu inestimável valor), e, claro, do folclore (que tem seu dispensável valor); e por fim, um movimento de escritores e pensadores indígenas, assim como apoiadores da causa indígena, cientistas e outros interessados têm  trabalhado bastante para que isso aconteça.

A Literatura indígena representou um desafio para os estudos literários, linguísticos e textuais em quase todo o mundo. O conceito de texto é diferente do que é usado na chamada literatura ocidental, cujo código é o da escrita alfabética. Mas esse desafio – que se mostra superado – tem sido abordado de duas maneiras, e por atores diferentes.

Primeiramente, autores como Maria Silvia Cintra Martins (em texto como “Inscrições, Narrativas e Literatura de produção indígena”), Stephen Hugh-Jones (“A escrita na pedra e a escrita no papel”), Janice Thiél (“Pele Silenciosa, Pele Sonora - A Literatura Indígena Em Destaque”), Lynn Mario Menezes (“Uma outra história, a escrita indígena no Brasil”),  entre outros, propõem ampliar a concepção de código e de texto, ressaltando as características multimodais, multi-gráficas (contra a equivocada ideia do agrafismo) das literaturas da floresta. Esses autores, quase todos professores universitários, sinalizam para um crescente, rico e diversificado campo de pesquisa que vem costurando, mais que nunca, diversas áreas  do saber com a literatura, artes, música e dança, dentro do que é chamado estudos interdisciplinares. Mais que nunca, o Brasil pode ver aqui um caldo formidável de produção de conhecimento.

(Obviamente quando as bases do formalismo e do estruturalismo foram abaladas quase que simultaneamente nos anos 60 pelo pós-estruturalismo e outro ismos, o conceito de texto também foi alargado...mas isso é outra discussão...).

A outra maneira que temos visto a pesquisa com literatura indígena no Brasil (o que pode ser constatado também em países tão diferentes quanto Canadá, México e Austrália) é que escritores indígenas, nascidos nas aldeias, nas florestas, enfim, se apropriam da língua do colonizador, aqui portuguesa (do código alfabético) para traduzir a alma, a cultura e a literatura indígenas para esta nova linguagem. Escrevem contos, poemas e romances, autobiografias, e até ensaios, seguindo a tradição do múltiplo: multigêneros, multimodais, multidiscursivos, multilinguagens...multiautoral.

Esta nova literatura indígena está presente principalmente nas escolas e instituições culturais, e também, em eventos que envolvem a literatura infanto-juvenil. Por quê? Porque professores, que não se contentam com o 19 de abril, têm pesquisado a literatura indígena, e trabalhado com escritores indígenas, e com as editoras que publicam essas obras a fim de criar um ambiente literário mais rico e diversificado nas escolas. Algumas políticas públicas têm apoiado também na promoção e distribuição desses livros.

Mas nas universidades já podemos também encontrar inúmeras dissertações de mestrado e teses de doutorado, algumas até mesmo defendidas por pesquisadores indígenas, como Graça Graúna (“Contrapontos da literatura indígena contemporânea no Brasil”), Eliane Potiguara ( reflexões em “Metade Cara, Metade Máscara”), e Daniel Munduruku (com “O Caráter Educativo do Movimento Indígena”) fortalecendo essa primeira dobra da pesquisa em literatura indígena.

As editoras também têm explorado esse renascimento (na língua do colonizador) ou renovação (em novas maneiras de narrar) da voz indígena como um interessante nicho mercadológico, contratando ilustradores de primeiro escalão para ilustrar os livros compondo uma verdadeira obra de arte multimodal numa interessante toada com o acento nativo. Um excelente trabalho, diga-se de passagem, que editoras, governo, agentes culturais e escritores indígenas têm feito para colocar em pauta a literatura que, há cem anos atrás,  Mariátegui disse que não existir e que, um dia, existiria com força...

Veja por

exemplo o movimento das águas e do tempo na capa deste livro de Daniel Munduruku ilustrado por Maurício Negro (ao lado). O sincretismo (texto verbal e imagético) dessa literatura publicada busca dialogar com suas raízes da floresta e da aldeia.

O professor da educação básica (Educação Infantil, Ensino Fundamental e Ensino Médio) descobrirá nesses aspectos abordados (largamente discutido em nosso livro “Literatura Indígena: modos de usar” a ser lançado em breve) um riquíssimo repertório de ideias para o ensino de língua, história e cultura indígena, conforme obriga (sic!) a Lei 11.645, promulgada em 10 de março de 2008. Re-discutir a História do Brasil, nossos laços indígenas, a questão da terra, do meio ambiente, da ideia de progresso são outras implicações dessa literatura. Isto porque a pesquisa com a literatura indígena não se restringe à universidade.

Além desses aspectos que se relacionam com a história e cultura do Brasil, o professor encontrará na literatura dos povos da floresta informações sobre como vivem os povos indígenas, em quê creem, sua alimentação, música, religião, filosofia, entre outros assuntos. A escola tem também oportunidade de explorar outros vieses; temos visto interessantes trabalhos comparativos com a matemática indígena, a astronomia ameríndia, e, a área mais conhecida: medicina dos pajés e xamãs. Conhecimentos tradicionais que há muito têm entrado para os anais científicos, mas que infelizmente pouco crédito foi dado às fontes aborígenes desse tesouro da humanidade.

Não obstante, diante disso a ponte entre a pesquisa e o ensino é facilmente construída.

Então perguntamos: por que se deve ensinar literatura indígena? Como? Por muitos motivos, mas creio que podemos citar somente dois. O primeiro, e menos conhecido, é o estatuto histórico da literatura brasileira. A Literatura brasileira nasceu da literatura europeia, especialmente portuguesa, com influências francesa e inglesa (veja os modelos dos nossos maiores: Machado de Assis e José de Alencar, por exemplo). Ela se desenvolveu, tornou-se um sistema autônomo e a Academia a colocou no rol dos Clássicos – um repositório da história e da cultura de uma nação ou de nações. O problema é que essa história não é tão simples assim. Essa Literatura  foi criada e desenvolvida principalmente para informar, imaginar e rotular – e com isso dominar, colonizar – outros povos. A literatura europeia lida aqui mostrava o quão melhor era a vida na metrópole, e a literatura produzida aqui para os europeus lerem eram para mostrar o quão pobre e sem cultura viviam os povos d’alem mar, o quão esses povos precisavam de um rei, de uma lei e de uma fé, pois coitadinhos não tinham nada...

Isso explica por que as expressões nativas foram marginalizadas, apagadas e quase destruídas por completo. Esse combate ideológico empreendido pela colonização explica nossa história, tratar disso é conhecer nossas raízes, explicar nossos problemas, é entender nossa cultura, no ver em um espelho mais limpo. Somente assim, podemos resgatar de maneira justa e sem estereótipos e (mais) injustiça o lugar dos povos nativos destas terras d’alem mar.

O outro motivo (dentre outros, é claro) é que os alunos devem ser capazes de aprofundar o conhecimento de seu país, e apreciar a contribuição contínua dos povos indígenas não somente para o Brasil, mas para toda América Latina. A prioridade no ensino de Literatura indígena é a compreensão das formas de vida indígena, interpretar sua maneira de estar no mundo, sua relação com a terra, com as tradições, e fruir as expressões artísticas indígenas, respeitando-as em sua diferença.

O resgate, o respeito e a promoção dessa literatura são garantidos por leis internacionais e nacionais:



(Constituição Federal Brasileira. Artigo 231 "São reconhecidos aos índios sua organização social, costumes, línguas, crenças e tradições, e os direitos originários sobre as terras que tradicionalmente ocupam, competindo à União demarcá-las, proteger e fazer respeitar todos os seus bens."



Declaração Universal dos Direitos dos Povos Indígenas (ONU). Artigo 5:  “Os povos indígenas têm o direito de conservar e reforçar suas próprias instituições políticas, jurídicas, econômicas, sociais e culturais, mantendo ao mesmo tempo seu direito de participar plenamente, caso o desejem, da vida política, econômica, social e cultural do Estado.”



Convenção n° 169 da OIT sobre Povos Indígenas e Tribais. Artigo 2°: “Os governos deverão assumir a responsabilidade de desenvolver, com a participação dos povos interessados, uma ação coordenada e sistemática com vistas a proteger os direitos desses povos e a garantir o respeito pela sua integridade. 2.Essa ação deverá incluir medidas: a) que assegurem aos membros desses povos o gozo, em condições de igualdade, dos direitos e oportunidades que a legislação nacional outorga aos demais membros da população; b) que promovam a plena efetividade dos direitos sociais, econômicos e culturais desses povos, respeitando a sua identidade social e cultural, os seus costumes e tradições  e as suas instituições.”).



A proteção e o desenvolvimento da cultura indígena são garantidos por essas leis e, de quebra, fortalece nosso sistema jurídico. Deve ser um orgulho de todos os povos proteger e assegurar a vida e as expressões dos povos tradicionais, mesmo que em minoria.

Para que isso aconteça no seio da sociedade brasileira, todos devem se envolver. Agora, destacamos o terceiro ponto deste artigo: o trabalho. O trabalho tão bem feito por atores sociais, como escritores indígenas e outros profissionais da cultura. Destacamos aqui o trabalho dos escritores indígenas: Ailton Krenak, Kaká Wera, Olivio Jecupé, Daniel Munduruku, Cristino Wapichana, Tiago Haiyki, Graça Graúna, Eliane Potiguara, Roní Wasiry Guará, entre outros que, principalmente, apoiados pelo Instituto UKA têm promovido a literatura indígena. Estes têm trabalhado arduamente para a promoção da cultural e artísticas das expressões indígenas.

A literatura enquanto expressão da cultura, e dispositivo que comunica e compartilha bens espirituais, intelectuais e estéticos, entra na sociedade, ou opera na sociedade somente por condições bem específicas, as quais o mestre Antônio Cândido já ensinara, a saber, as condições de produção, circulação e recepção.

Nas últimas três décadas (desde o início dos anos 80), escritores indígenas de diversos povos têm mostrado na e pela língua portuguesa uma gama enorme de narrativas indígenas, renovando, recontando, recriando e produzindo a literatura indígena do Brasil.

É importante destacar que a literatura indígena do Brasil não nasce aí. Ela existe desde há muitos séculos, mas antes era intermediada, conhecida somente por traduções e coletâneas feitas por viajantes, escritores não indígenas, linguistas e antropólogos. Mas nos últimos anos, podemos afirmar que essa literatura é novamente apropriada pelos seus originais “autores”.

As condições de produção dessa literatura, assim como a circulação e recepção têm muitos desafios: precisamos aumentar os números de escritores indígenas, treiná-los nas técnicas de tradução cultural e produção em língua ‘estrangeira’ (a língua portuguesa é falada nas comunidades, mas com muitos limites impostos até mesmo pela realidade educacional do Brasil).

Além disso, precisamos ir além das escolas para divulgar nossos livros, fazê-los circular em diferentes espaços como universidades, nos departamentos de Letras, em Institutos de Pesquisa, Institutos de promoção cultural, centros culturais, livrarias, entre outros. A recepção constitui um desafio a toda produção literária, mas acreditamos que o trabalho que tem sido desenvolvido tem sido um bom caminho, principalmente com os parceiros professores da educação básica, nos cursos de formação de professores, na discussão na mídia e em outros meios adequados. Nosso objetivos é fazer com que novos leitores se interessem cada vez mais por essa impressionante literatura ancestral.

Assim, o trabalho do movimento indígena, como mostrado na tese de doutorado de Daniel Munduruku, tem um caráter educacional, sobretudo, porque busca ampliar o diálogo com a sociedade brasileira. Essa proveitosa interação tem sido vista em espaços como centros culturais, Jornadas literárias e culturais, concursos literários, caravanas de promoção do livro, e tantos outros mecanismos de desenvolvimento da cultura.

Esse diálogo  didático, de caráter educativo visa humildemente  re-ensinar as novas gerações ler outros textos (não somente clássicos e eletrônicos), outras culturas, outras identidades. Contribuir para uma leitura mais rica, mais humana. A literatura indígena ensina a ler mais que simplesmente textos, mas vidas, identidades, o Outro. Ensina a ler o outro para aceitá-lo e comungar com ele - este é o trabalho da Literatura Indígena.

Talvez meus colegas de universidade estejam me reprovando aqui, ao me verem defender essa função pedagógica da literatura. Mas é exatamente isso. A literatura indígena, assim como outros conhecimentos tradicionais indígenas tem muito que ensinar, desde que o leitor queira ler, ouvir e aprender...

Nessa tríplice dobra, a literatura indígena tem sido um testemunho poderoso da força e da excelência de povos que, apesar de tudo que sofreram, estão aqui no século XXI se renovando, enriquecendo e desafiando a sociedade. E, à medida que esse testemunho é conhecido, pela pesquisa acadêmica ou cultural, pelo ensino, seja na educação básica ou na universidade, e também pelo trabalho abnegado de tantos, a sociedade como um todo ganha. A justiça, o conhecimento e a beleza triunfam.

Publicado originalmente em Blog do Instituto UKA.



quarta-feira, 28 de janeiro de 2015

SAUDADES DE AMANHÃ livro de Daniel Munduruku

Chegou o mais novo livro de Daniel Munduruku em nossa biblioteca comunitária.
SAUDADES DE AMANHÃ foi publicado pela editora Escrita Fina e conta o cotidiano das crianças indígenas que aprendem observando os adultos e enquanto brincam de aprender. Muito poético. Vale a pena conhecer.

https://www.facebook.com/instituto.uka 

I Encontro de Contadores de Histórias do Vale do Paraíba (ECOHVALE)

Evento reunirá os principais nomes do cenário nacional em uma programação que contemplará palestras, oficinas, contação de histórias, performances, shows musicais e maratona pública de contação de histórias. E a curadoria ficará por conta de Daniel Munduruku e Andréa Cozzi

O I ECOHVALE já tem presenças confirmadas de Regina Machado (SP), Valdeck de Garanhuns (SP), Francisco Gregório (RJ), Andréa Cozzi (PA), Cristino Wapichana (RJ), Roni Wasiry Guará (AM), Tiago Hakiy (AM), Juraci Siqueira (PA), Bia Bedran (RJ) e Maria Inez do Espírito Santo (RJ).
Agora é aguardar a programação e as inscrições a partir de fevereiro.


SOBRE PARTICIPAÇÃO NO ENCONTRO DE CONTADORES DE HISTÓRIAS
Amigos/amigas,
O I Encontro de Contadores de Histórias do Vale do Paraíba (ECOHVALE) abrirá inscrições para os interessados a partir de fevereiro. As inscrições serão para todos e todas que quiserem vivenciar esse momento único. Para esta primeira edição estamos prevendo a realização de palestras e rodas de conversas com convidados nacionais e oficinas com alguns desses convidados. Quem desejar participar das oficinas deverá se inscrever previamente, pois haverá número limitado de participantes por tema e por sala. Para os eventos abertos como palestra, rodas de conversa e espetáculo também precisará inscrição, mas os espaços são maiores cabendo um número maior de pessoas. Informo desde já que iremos cobrar um valor simbólico para as inscrições para podermos cobrir parte do material gráfico que disponibilizaremos.
Lembro, ainda, que às pessoas que desejarem se hospedar em Lorena iremos disponibilizar informações sobre os hotéis disponíveis e seus preços.
Em nossa programação estamos prevendo uma manhã que denominamos MARATONA DE CONTAÇÃO DE HISTÓRIAS. Para este momento aceitaremos inscrições para pessoas ou grupos que desejem se apresentar para o público em local aberto.

Mais informações: https://www.facebook.com/events/985402238139982/

Abraço fraterno
Daniel Munduruku

Daniel Munduruku novo colunista do Jornal "O LORENENSE"

Olha quem está chegando pra deixar o nosso time de colunistas ainda mais estrelado!!!
Ele mesmo, Daniel Munduruku, lorenense de coração, autor de livros indígenas reconhecido nacional e internacionalmente...
E teremos mais novidades por aí... Novos colunistas também nas áreas de segurança e social!!! Aguarde...

sábado, 17 de janeiro de 2015

Daniel Munduruku no Programa Vivíssima da TV Aparecida

O Diretor-Presidente do Instituto Uka - Casa dos Saberes Ancestrais irá participar, na próxima segunda feira, dia 19, do Programa Vivíssima da TV Aparecida. O programa vai ao ar todos os dias a partir das 10 horas. Haverá sorteios de livros do autor para os telespectadores.

Contamos com sua audiência.
http://www.a12.com/tv-aparecida/programas/vivissima
 

Daniel Munduruku e a educação

Autor de 47 livros, educador fala da importância da presença da cultura e da literatura indígena nas escolas do Brasil
Arquivo pessoal
Munduruku pontua a importância de valorizar o conhecimento dos povos nativos nas escolas das cidades
“O padrão de escola que temos não é único, ele é apenas mais uma das formas de transmissão de conhecimento” diz Daniel Munduruku, escritor e educador nascido em uma das comunidades do povo munduruku no Pará. Com 47 livros publicados, ele saiu de sua comunidade e hoje espalha pelo mundo a cultura e a literatura indígena.
Segundo ele, a distância que existe entre a cultura urbana e as comunidades dos povos nativos brasileiros reforça, ainda hoje, preconceitos enraizados na população desde os tempos da colonização. Isso vale também para a educação indígena que passou a existir formalmente apenas com a Constituição de 1988. Atualmente ela luta para preservar os saberes ancestrais dos povos que sobreviveram.
Munduruku pontua a importância de valorizar o conhecimento tradicional nas escolas das cidades. Só assim as crianças serão capazes de entender que há outras formas de ensinar e de educar. “Entre esses saberes está a oralidade e outros conhecimentos que não permeiam as escolas convencionais e fazem parte da educação indígena brasileira”, completa.
Na posse da presidenta Dilma Rousseff, a pauta principal do discurso foi a valorização que o atual governo pretende dar para a área de educação. Sobre o uso do termo “pátria educadora”, no discurso de posse de Dilma, Munduruku afirma: “gostei dessa expressão, apesar de achar que ela não sabe ao fundo o que é. Trata-se de algo muito profundo. Significa enxergar além da educação formal. Entender a sociedade como um todo e compreender que há muitos espaços educativos além da escola”.
Em entrevista exclusiva ao Portal NAMU, Munduruku fala sobre a situação atual da educação no Brasil, a literatura indígena e os desafios de fazer com que a sociedade aprenda a enxergar as comunidades tradicionais sem o “olhar colonizador”.
Quais os maiores desafios que o Brasil enfrenta na área da educação?
Acredito que a primeira grande dificuldade é dar prioridade à educação. O governo terá de tomar providências para problemas como a desvalorização dos professores, a evasão escolar, a questão da alfabetização na idade certa. Outro desafio é acabar com o analfabetismo funcional. Também vejo a necessidade de se criar políticas que sejam mais regionalizadas e tratadas com mais autonomias pelos estados e municípios. Só assim é possível dar respostas locais. No caso da educação indígena, temos de formar indígenas não para serem não indígenas, mas para continuarem indígenas mesmo tendo formação escolar. A educação do Brasil como um todo não deve ser simplesmente técnica, seu principal objetivo deve ser produzir cabeças pensantes e profissionais qualificados intelectualmente para dar respostas criativas para os problemas brasileiros.

Qual sua opinião sobre o novo ministro da Educação, o político cearense Cid Gomes, do PROS?
Não tenho opinião formada. O que se pode pensar a respeito da atuação dele é verificando o que ele fez no Ceará e não me consta que tenha sido uma administração muito voltada para a educação. É um politico e não um educador e eu não posso esperar muito de um político. Se fosse um educador talvez eu tivesse mais expectativas positivas.
O que é a educação escolar indígena no Brasil hoje? Em que ela se difere da educação convencional?
Desde a constituição de 1988, as populações indígenas têm direito a uma educação diferenciada, que deve seguir os parâmetros das próprias comunidades. Os professores devem ser indígenas e ter formação superior. Além disso, é necessário materiais de acordo com essas populações, mas esse desenvolvimento está lento. Após quase 30 de promulgação da Constituição, não houve uma continuidade na política educacional para as populações indígenas. Houve um avanço significativo nessa área, mas isso ainda não responde às demandas. Na prática, os indígenas precisam entrar em contato com a educação formal sem abrir mão dos conhecimentos tradicionais.
Qual a importância de valorizar os saberes imateriais da cultura indígena na educação?
A cultura e os conhecimentos tradicionais indígenas são fundamentais para a identidade brasileira. Os cantos, os ritos de passagem, o jeito tradicional de transmissão de conhecimento devem ser mantidos nas comunidades e, ao mesmo tempo, precisam ser valorizados nas escolas convencionais para que as crianças entendam que há diferentes maneiras de ensinar e de educar. O padrão de escola que temos não é único, ele é apenas mais uma das formas de transmissão de conhecimento. Dar oportunidade para as crianças da cidade refletirem sobre os conhecimentos tradicionais indígenas vai criar nelas também um sentimento de pertencimento. A sociedade brasileira não é apenas uma sociedade ocidental, ela é o resultado do acúmulo de diversos povos, conhecimentos e tradições. Os saberes dos indígenas, dos africanos, dos ribeirinhos da Amazônia e de outros povos que vieram pra cá são importantes e devem ser ensinados nas escolas.
E como isso acontece na prática?
Efetivamente, com a Lei nº 11.645, que inclui no currículo oficial da rede de ensino brasileira a obrigatoriedade de história e cultura afro-brasileira e indígena. No geral, a lei é muito positiva, principalmente porque ajuda a criar uma visão positiva na cabeça das pessoas. Porém, há muitos educadores ainda sendo formados dentro da mentalidade que coloca os indígenas como seres inferiores. É preciso fugir desse modelo estereotipado. Mas vejo que as universidades e as prefeituras estão preocupadas em oferecer cursos de formação. Imagino que na perspectiva da presidenta Dilma, ela deve investir radicalmente na formação dos professores para lidar com a diferença e com a diversidade.
Como a educação pode se tornar uma ferramenta capaz de transformar a sociedade?
A educação é a melhor ferramenta, mas precisa se atualizar, assim como o mundo está se atualizando. Infelizmente a educação fica sempre correndo, a passos lentos, atrás da modernidade. É preciso criar uma forma de atualização mais rápida para que ela cumpra com seu papel. Por incrível que pareça, temos de voltar a aprender com o passado para que se pense nas pessoas como produtoras capazes de transformar a sociedade e criar uma massa crítica. É o questionamento que gera mudanças. A escola deve ser esse instrumento. Ela é o espaço onde jovens e crianças aprendem a questionar a sociedade em que vivem e assim se tornam sujeitos capazes de transformá-la.
Como compreender a literatura indígena como uma ferramenta de quebra de padrões e preconceitos?
A literatura indígena surgiu no Brasil há cerca de 20 anos. Existia sempre a crença de que o indígena é um ser da oralidade, mas muitos indígenas começaram a frequentar a universidade. Aprenderam os elementos da cultura ocidental e fazem aquilo que a cultura tem que fazer que é: se atualizar e assim criar respostas. Uma das respostas é a literatura. Os indígenas foram para o cinema, música, teatro, internet. A literatura não é só um instrumento de escrita, mas faz parte da essência. Adquirir essa técnica foi importante para que os indígenas fossem capazes de escrever a própria história. Fico feliz por ser um dos pioneiros nisso, ter passado pela universidade, feito mestrado, doutorado e, sobretudo, por poder ter usado todos os conhecimentos que acumulei na cidade aliados aos saberes que eu trazia do meu povo para poder criar o que é chamado de literatura indígena. Ela é uma maneira para educar a sociedade brasileira, ensina a olhar para os povos indígenas não com o olhar do colonizador, mas com o olhar das próprias comunidades. A maioria dos 47 livros que publiquei é para crianças e jovens, mas digo que é para todo mundo. Porque eu escrevo não exatamente para crianças e sim para a infância das pessoas e todo mundo tem e teve uma infância. Não que sejamos crianças o tempo todo, mas a nossa infância é sagrada.
Foto 2: Vanessa Cancian 

Fonte: http://namu.com.br/materias/daniel-munduruku-e-educacao

sábado, 10 de janeiro de 2015

Livro Das Coisas que Aprendi, de Daniel Munduruku.

Uma publicação com reflexões poéticas e filosóficas deste escritor que tem sido destaque em eventos no Brasil e no exterior.
As imagens são do fotógrafo do Mato Grosso Antonio Carlos Ferreira Banavita e parte dos direitos autorais da obra será revertida para apoio à formação de estudantes universitários do povo Munduruku.

Está interessado? Pergunte-me como recebê-lo em sua casa e ajudar esta causa!!!

 Daniel Munduruku